segunda-feira, 15 de agosto de 2016

O rei do spin

António Costa disse ainda que há "uma ideia muito errada, que é a ideia de que se investe pouco na prevenção [de incêndios florestais], porque se gasta muito no combate. Pois eu digo-lhe o contrário, gasta-se muito no combate, porque se gasta pouco na prevenção", alegou, em resposta à pergunta de uma jornalista.

"É necessário que se passe a investir na prevenção, e é isso que vai passar a ser feito", argumentou.

Fonte: Jornal de Notícias


A expressão "cut the crap" é muito apropriada como resposta a estas afirmações de António Costa: pare de dizer merda, Senhor Primeiro-Ministro!

Em primeiro lugar, António Costa tornou-se Primeiro Ministro no Outono do ano passado, há mais de meio ano: se não se gastou em prevenção, nem houve planos para o fazer, e se sabia do problema, como ele dá a entender que sim, a responsabilidade é do governo que formou e, acima de tudo, dele. Em Portugal, a culpa morre sempre solteira, ou é do governo anterior, apesar de nunca haver continuidade de esforço. O que há é uma constante re-invenção da roda e acabamos sempre com os pneus vazios.

Em segundo lugar, vai gastar em prevenção depois da floresta ardida? Dada a quantidade de área que ardeu este ano, por uns anos não vai ser necessário controlar o crescimento de vegetação porque ardeu muita este ano, ou seja, vai gastar-se pouco. Os próprios incêndios deste ano já previnem os do próximo, o que tem um efeito perverso, pois a falta de incêndios nos próximos anos irá dar a sensação de que se está a fazer um esforço adequado em prevenção e a ter sucesso, quando, na realidade, o sucesso dos próximos anos irá ser devido ao falhanço deste ano.

O problema é dinâmico, mas o pessoal só tem capacidade de pensar em termos estáticos e a gestão com visão de curto prazo sacrifica o sucesso no longo prazo, ou seja, não se vê um boi à frente do nariz, comme d'habitude...

8 comentários:

  1. Adorável Rita,

    A sua animosidade contra o sr. António Costa parece-me excessiva.
    Que são urgentes medidas de prevenção dos fogos, que devem ser mobilizados meios para essa prevenção que reduzam os fogos e as necessidades de meios para os combater, ninguém honestamente pode negar. E digo honestamente porque, segundo se diz há muito tempo, há muita gente para quem os fogos são um negócio.

    Deveria ele ter tomado ou iniciado medidas que combatessem esse flagelo desde que entrou em funções? Talvez. Mas não podemos esquecer que neste país há fogos, outros fogos, por todo o lado.

    E depois as medidas de prevenção, se as pretendemos eficazes, serão politicamente complicadíssimas para quem as decidir implementar.

    Há em Portugal cerca de 360 mil propriedades florestais, mais ou menos tantas quantas existem nos EUA. Como retirar a biomassa acumulada, o combustível, numa estrutura fundiária tão fragmentada e em solos normalmente acidentados?

    Já pensou nisso?
    Parece que por cá também não.

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    1. Kudos pela referências aos fab four.

      Concordamos que a animosidade da Rita em relação ao PM é excessiva. Mas o mundo teria menos interesse se não tivessemos enviesamentos.

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    2. Olá Rui,
      Não é bem animosidade o que sinto por António Costa. Ele é responsável pelo problema pois foi Ministro da Administração Interna e teve poderes e amplo tempo para implementar algo, mas não o fez.

      Enquanto Ministro, produziu um projecto que depois se enfiou numa gaveta; enquanto Primeiro-Ministro finge ignorar que o projecto não foi implementado, mas dá a entender que ele não teve nada a ver com isso. Nada na sua atitude nos indica que ele vai fazer algo para melhorar o problema; pelo contrário, fala em medidas paliativas que não afectam a natureza do problema.

      Presume erradamente, já pensei nisso, até porque na minha família há histórias antigas acerca de propriedades e sei a grande complicação que é uma estrutura fundiária tão fragmentada. Uma das causas é a lei portuguesa não ser aplicada.

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    3. Luís Gaspar, obrigada por me tentares defender, mas não sei se percebeste que me insultaste. Eu não sou enviesada. Critico ou elogio todos os partidos, se vejo que tenho razão para o fazer. Neste blogue já tomei posições contra e a favor deste governo, logo acho que, se há pessoas enviesadas, são as suspendem o julgamento crítico e não mudam de opinião consoante a situação que lhes é apresentada. Desse mal eu não sofro.

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    4. "Concordamos que a animosidade da Rita em relação ao PM é excessiva. Mas o mundo teria menos interesse se não tivessemos enviesamentos."

      - Nem mais. Inimigo de estimação é assim.

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  2. Diz a Sra Rita Carreira que não há da sua parte animosidade para com António Costa e acusa alguns comentadores de a a insultarem. Ora a Sra Rita Careira escreve "Antonio Costa e primeiro ministro deste o Outono passado" - é verdade que o Outouno termina apenas a 21 de Dezembro mas começa em 21 de Setembro logo utilizar como referencia temporal algo que se alonga por 3 meses é no mínimo pouco exacto. Acresce que António Costa foi efectivamente ministro da Administração Interna de Março de 2005 a Maio de 2007 - isto é um mandato de cerca de 2 anos que terminou há mais de 9 anos. O trabalho de prevenção dos fogos florestais não incumbe exclusivamente a um único ministério e não se pode de boa fé atribuir a alguém que foi ministro há quase uma década a responsabilidade pelos fogos de 2016. E vem a Sra Rita Carreira acusar os comentadores de a insultarem por constatarem o óbvio. Francamente ...

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    1. Carlos, não me trates por "Sra. Rita Carreira". Queres falar, falas comigo como iguais; não me venhas com esses floreados, que, suponho, usaste para me humilhar. Mas vou dizer-te a verdade: nem percebo bem o que disseste. Estás a criticar-me por eu criticar António Costa ou porque não o critiquei o suficiente? Fala claramente.

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    2. Comentário ao comentário ... É normal reservar-se o tratamento mais informal para pessoas que fazem parte do círculo próximo e em relação às quais se partilham vivências, ideias, amizades .... O facto de eu ser leitor da Rita não me qualifica como pessoa do seu círculo próximo. Não vejo nisto nada que justifique o qualificativo "para me humilhar". Aliás a utilização de termos como "insulto" e "humilhação" que a Rita atribui a pessoas que simplesmente exprimem o seu desacordo em relação aos seus pontos de vista deixam-me perplexo. De quem faz questão de publicitar os seus pontos de vista espera-se um confronto de ideias ou um juízo diferente sobre os factos em vez de agressões gratuitas.

      Sobre o fundo: o meu comentário não podia ser mais claro - a Rita simplesmente não respeita a realidade factual no seu comentário sobre António Costa. Faz uma interpretação abusiva de factos avulsos e retirados do contexto - António Costa é seguramente criticável em muitos aspectos mas neste caso a crítica não é honesta. Vários comentadores referiram isto, aliás num tom bastante moderado e quase amigável. A resposta arrogante acusou um dos comentadores de insulto mas foi incapaz de contestar o óbvio enviesamento do texto inicial. O meu comentário reiterou isto mesmo - não podia ser mais claro.

      A troca de impressões sobre este assunto termina aqui. Aliás esta resposta não é para ser publicada. Recorro ao comentário porque não tenho outra alternativa (só os autores do blogue têm o privilégio de conhecer os endereços electrónicos dos comentadores)

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